terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A estrada segue,
segue,
segue,
e vira.
A caneta escreve,
escreve,
escreve,
e vírgula.
A gente fala,
fala,
fala,
e respira.
A poesia é lida,
lida,
lida,
e esquecida.
O sentimento corre,
corre,
corre,
e navega o mar
até cair lá, depois do horizonte,
quando o medievo estava para acabar.
O olhar descreve,
olha e olha,
sem que eu compreenda
por que, meu deus,
esse teto é tão branco,
e esse mundo tão vazio,
de gente que lê e sente
e cheio de gente que lê, sorri, e não entende.
Não sei se fujo para Pasárgada ou para Itabira,
Pois aí já é o auge da poesia.
Ficarei aqui, com Prometeu,
Contando os pedaços do seu fígado,
e do meu.

sábado, 18 de junho de 2011

Em uma destas madrugadas solitárias, sentei entre as páginas da minha vida. Elas estavam ali, todas espalhadas pelo chão do meu quarto, assim como as folhas que colorem o cinza da rua em seu outono.
Não havia ninguém. Apenas eu e.. o que de mim escrevi. Os parágrafos pelos quais corri, e até aqueles que andei bem devagar, quase parando, evitando chegar ao final. Vi as partituras que certos dias me silenciaram, outras que de mim fizeram rio, e até aquelas que romperam as fronteiras da normalidade, e me fizeram um ser desatento, cantarolando por entre asfaltos e sorrindo para horizontes que só eu via.
Parei diante das páginas dobradas, um pouco escondidas, logo abaixo de certos poemas. Ao abri-las, como um raio as lembranças vieram, e eu não sabia mais o porquê de estar alí. Não entendia porque continuavam firme e fortes, estendidas no meu chão, mesmo depois de tê-las confinado no fundo daquele precipício, dentro de mim. Mergulhei.
E nisso, percebi-me em sorrisos, pretérito perfeito. Mais-que-perfeito. Porém, pretérito.
E ele, como presente, alegra. Faz com que jogadas de cabelos desengonçadas te façam ficar linda, e se sentir bem. Muda qualquer problema banal do seu cotidiano, e o faz acréscimo. No sorriso. Nada importa, nada deve importar. A vida torna-se um soneto, a pagina de linhas perfeitas e calculadas, fazendo com que você sinta aquele gosto de novidade na boca, e aquele anseio por mais no coração. É divino.
É passado. E como tal, prefere lanhar. Apontar os erros que te deixam com saldo negativo, e nunca mais como apenas mais uma maneira de ser feliz. Prefere deixar uma miniatura na sua cabeça, que cresce mais e mais a cada dia, e você sabe que virará um problema. Já é um problema. Um arrependimento, um desentendimento. Uma daquelas simples maneiras que a gente sempre acha para tentar se resolver, mas acaba piorando tudo. Apenas pelo simples fato de tentar fazer sumir o que foi bom, o que te deu vida.
Não queria mais.
O passado como presente é sorriso. O presente como passado.. a sua lembrança. O seu oposto. Passou.
E no meio das folhas, recordo: sou mar.
Passado-sorriso, vire barco. Um frágil barco de papel. Ganhei uma frota de sonetos.
E pelas esquinas de algum lugar desconhecido, achei um rio.
Siga, frota. Siga.
Seja o sorriso de quem te lê por fora,
E não vive a sua ultima estrofe.

domingo, 10 de abril de 2011

Você veio mais uma vez, com toda a sua doce melodia de verões passados, e disse que sentia falta das minhas palavras. Olhou-me com aqueles olhos virtuais, perdido no espaço que separa os ponteiros do nosso tempo, e pediu que eu escrevesse.
Poderia ser sobre qualquer coisa mundana. Explorar as eternas voltas do ventilador que, só de olhar, me deixam tonta – ou quem sabe a tontura que sinto quando as nossas palavras se chocam. Poderia falar sobre a chuva que alaga a cidade, ou até de quando os seus pensamentos alagam os meus. Deixo esse trabalho contigo.
Mas, nesse texto farei diferente. Dissecarei aquilo que tanto o assusta.
Meu querido, querido meu. Falemos sobre o nada.
Ele é tão complexo, mas tão complexo, que nunca sei quando está vazio de coisas cheias, ou cheio de coisas vazias. Não sei diferenciar se é o tudo que foi embora, ou se é uma incógnita invisível aos meus olhos, porém nítida ao meu futuro. Não sei se é aquilo que não posso ver, não sei se não quero ver.
E continuando com todas essas verdades, aquelas que sonham vivendo em epifanias, rondam a minha mente, o meu mundo. É independende de qualquer opinião minha,é imune a qualquer ataque.
Você, meu amor, teme o nada. Você aperta forte a minha mão para ter certeza de que está atravessando a rua comigo, e não com qualquer ilusão de ótica ou alguma outra pessoa . Você teme descobrir que, mesmo cercado, não se pode escapar do nada; Não se pode escapar da estrada que o nada mostra, do caminho que vai te acolher.
O nada para você é furacão. É falta de planejamento, é correria, é.. nada.
O nada é tudo isso.. mais presença. Uma equação simples, um sorriso discreto.
O nada é você evoluindo, é a sua caixa vazia – cheia de coisas ausentes, mas ali.
O nada é a sua volta, depois de qualquer presença. Mais a sua presença. Mais confusão.
Em si, o nada tem a sua importância. E você, meu amor, abra a janela em respire seu ar. Olhe para baixo e veja os traços das suas opções correrem pelo chão, e agradeça ao nada.
Ele lhe fez ver alguma coisa, se não o nada. Fez-lhe dar valor aos nossos jogos de pernas, aos sorrisos por baixo do cobertor. Fez você brilhar em olhares secretos por segredos sussurrados em esquinas, por abraços repentinos em ruas lotadas, por uma companhia em meio a solidão da madrugada, por todo o salto de vida que a gente quer viver.
Esse é o nada, e ele te fez tudo. Tudo que você é, tudo que você vê, tudo que é para mim. Brindemos a isso !

sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A estrada segue,
segue,
segue,
e vira.
A caneta escreve,
escreve,
escreve,
e vírgula.
A gente fala,
fala,
fala,
e respira.
A poesia é lida,
lida,
lida,
e esquecida.
O sentimento corre,
corre,
corre,
e navega o mar
até cair lá, depois do horizonte,
quando o medievo estava para acabar.
O olhar descreve,
olha e olha,
sem que eu compreenda
por que, meu deus,
esse teto é tão branco,
e esse mundo tão vazio,
de gente que lê e sente
e cheio de gente que lê, sorri, e não entende.
Não sei se fujo para Pasárgada ou para Itabira,
Pois aí já é o auge da poesia.
Ficarei aqui, com Prometeu,
Contando os pedaços do seu fígado,
e do meu.

sábado, 18 de junho de 2011

Em uma destas madrugadas solitárias, sentei entre as páginas da minha vida. Elas estavam ali, todas espalhadas pelo chão do meu quarto, assim como as folhas que colorem o cinza da rua em seu outono.
Não havia ninguém. Apenas eu e.. o que de mim escrevi. Os parágrafos pelos quais corri, e até aqueles que andei bem devagar, quase parando, evitando chegar ao final. Vi as partituras que certos dias me silenciaram, outras que de mim fizeram rio, e até aquelas que romperam as fronteiras da normalidade, e me fizeram um ser desatento, cantarolando por entre asfaltos e sorrindo para horizontes que só eu via.
Parei diante das páginas dobradas, um pouco escondidas, logo abaixo de certos poemas. Ao abri-las, como um raio as lembranças vieram, e eu não sabia mais o porquê de estar alí. Não entendia porque continuavam firme e fortes, estendidas no meu chão, mesmo depois de tê-las confinado no fundo daquele precipício, dentro de mim. Mergulhei.
E nisso, percebi-me em sorrisos, pretérito perfeito. Mais-que-perfeito. Porém, pretérito.
E ele, como presente, alegra. Faz com que jogadas de cabelos desengonçadas te façam ficar linda, e se sentir bem. Muda qualquer problema banal do seu cotidiano, e o faz acréscimo. No sorriso. Nada importa, nada deve importar. A vida torna-se um soneto, a pagina de linhas perfeitas e calculadas, fazendo com que você sinta aquele gosto de novidade na boca, e aquele anseio por mais no coração. É divino.
É passado. E como tal, prefere lanhar. Apontar os erros que te deixam com saldo negativo, e nunca mais como apenas mais uma maneira de ser feliz. Prefere deixar uma miniatura na sua cabeça, que cresce mais e mais a cada dia, e você sabe que virará um problema. Já é um problema. Um arrependimento, um desentendimento. Uma daquelas simples maneiras que a gente sempre acha para tentar se resolver, mas acaba piorando tudo. Apenas pelo simples fato de tentar fazer sumir o que foi bom, o que te deu vida.
Não queria mais.
O passado como presente é sorriso. O presente como passado.. a sua lembrança. O seu oposto. Passou.
E no meio das folhas, recordo: sou mar.
Passado-sorriso, vire barco. Um frágil barco de papel. Ganhei uma frota de sonetos.
E pelas esquinas de algum lugar desconhecido, achei um rio.
Siga, frota. Siga.
Seja o sorriso de quem te lê por fora,
E não vive a sua ultima estrofe.

domingo, 10 de abril de 2011

Você veio mais uma vez, com toda a sua doce melodia de verões passados, e disse que sentia falta das minhas palavras. Olhou-me com aqueles olhos virtuais, perdido no espaço que separa os ponteiros do nosso tempo, e pediu que eu escrevesse.
Poderia ser sobre qualquer coisa mundana. Explorar as eternas voltas do ventilador que, só de olhar, me deixam tonta – ou quem sabe a tontura que sinto quando as nossas palavras se chocam. Poderia falar sobre a chuva que alaga a cidade, ou até de quando os seus pensamentos alagam os meus. Deixo esse trabalho contigo.
Mas, nesse texto farei diferente. Dissecarei aquilo que tanto o assusta.
Meu querido, querido meu. Falemos sobre o nada.
Ele é tão complexo, mas tão complexo, que nunca sei quando está vazio de coisas cheias, ou cheio de coisas vazias. Não sei diferenciar se é o tudo que foi embora, ou se é uma incógnita invisível aos meus olhos, porém nítida ao meu futuro. Não sei se é aquilo que não posso ver, não sei se não quero ver.
E continuando com todas essas verdades, aquelas que sonham vivendo em epifanias, rondam a minha mente, o meu mundo. É independende de qualquer opinião minha,é imune a qualquer ataque.
Você, meu amor, teme o nada. Você aperta forte a minha mão para ter certeza de que está atravessando a rua comigo, e não com qualquer ilusão de ótica ou alguma outra pessoa . Você teme descobrir que, mesmo cercado, não se pode escapar do nada; Não se pode escapar da estrada que o nada mostra, do caminho que vai te acolher.
O nada para você é furacão. É falta de planejamento, é correria, é.. nada.
O nada é tudo isso.. mais presença. Uma equação simples, um sorriso discreto.
O nada é você evoluindo, é a sua caixa vazia – cheia de coisas ausentes, mas ali.
O nada é a sua volta, depois de qualquer presença. Mais a sua presença. Mais confusão.
Em si, o nada tem a sua importância. E você, meu amor, abra a janela em respire seu ar. Olhe para baixo e veja os traços das suas opções correrem pelo chão, e agradeça ao nada.
Ele lhe fez ver alguma coisa, se não o nada. Fez-lhe dar valor aos nossos jogos de pernas, aos sorrisos por baixo do cobertor. Fez você brilhar em olhares secretos por segredos sussurrados em esquinas, por abraços repentinos em ruas lotadas, por uma companhia em meio a solidão da madrugada, por todo o salto de vida que a gente quer viver.
Esse é o nada, e ele te fez tudo. Tudo que você é, tudo que você vê, tudo que é para mim. Brindemos a isso !

sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..
 

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