terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A estrada segue,
segue,
segue,
e vira.
A caneta escreve,
escreve,
escreve,
e vírgula.
A gente fala,
fala,
fala,
e respira.
A poesia é lida,
lida,
lida,
e esquecida.
O sentimento corre,
corre,
corre,
e navega o mar
até cair lá, depois do horizonte,
quando o medievo estava para acabar.
O olhar descreve,
olha e olha,
sem que eu compreenda
por que, meu deus,
esse teto é tão branco,
e esse mundo tão vazio,
de gente que lê e sente
e cheio de gente que lê, sorri, e não entende.
Não sei se fujo para Pasárgada ou para Itabira,
Pois aí já é o auge da poesia.
Ficarei aqui, com Prometeu,
Contando os pedaços do seu fígado,
e do meu.

sábado, 18 de junho de 2011

Em uma destas madrugadas solitárias, sentei entre as páginas da minha vida. Elas estavam ali, todas espalhadas pelo chão do meu quarto, assim como as folhas que colorem o cinza da rua em seu outono.
Não havia ninguém. Apenas eu e.. o que de mim escrevi. Os parágrafos pelos quais corri, e até aqueles que andei bem devagar, quase parando, evitando chegar ao final. Vi as partituras que certos dias me silenciaram, outras que de mim fizeram rio, e até aquelas que romperam as fronteiras da normalidade, e me fizeram um ser desatento, cantarolando por entre asfaltos e sorrindo para horizontes que só eu via.
Parei diante das páginas dobradas, um pouco escondidas, logo abaixo de certos poemas. Ao abri-las, como um raio as lembranças vieram, e eu não sabia mais o porquê de estar alí. Não entendia porque continuavam firme e fortes, estendidas no meu chão, mesmo depois de tê-las confinado no fundo daquele precipício, dentro de mim. Mergulhei.
E nisso, percebi-me em sorrisos, pretérito perfeito. Mais-que-perfeito. Porém, pretérito.
E ele, como presente, alegra. Faz com que jogadas de cabelos desengonçadas te façam ficar linda, e se sentir bem. Muda qualquer problema banal do seu cotidiano, e o faz acréscimo. No sorriso. Nada importa, nada deve importar. A vida torna-se um soneto, a pagina de linhas perfeitas e calculadas, fazendo com que você sinta aquele gosto de novidade na boca, e aquele anseio por mais no coração. É divino.
É passado. E como tal, prefere lanhar. Apontar os erros que te deixam com saldo negativo, e nunca mais como apenas mais uma maneira de ser feliz. Prefere deixar uma miniatura na sua cabeça, que cresce mais e mais a cada dia, e você sabe que virará um problema. Já é um problema. Um arrependimento, um desentendimento. Uma daquelas simples maneiras que a gente sempre acha para tentar se resolver, mas acaba piorando tudo. Apenas pelo simples fato de tentar fazer sumir o que foi bom, o que te deu vida.
Não queria mais.
O passado como presente é sorriso. O presente como passado.. a sua lembrança. O seu oposto. Passou.
E no meio das folhas, recordo: sou mar.
Passado-sorriso, vire barco. Um frágil barco de papel. Ganhei uma frota de sonetos.
E pelas esquinas de algum lugar desconhecido, achei um rio.
Siga, frota. Siga.
Seja o sorriso de quem te lê por fora,
E não vive a sua ultima estrofe.

domingo, 10 de abril de 2011

Você veio mais uma vez, com toda a sua doce melodia de verões passados, e disse que sentia falta das minhas palavras. Olhou-me com aqueles olhos virtuais, perdido no espaço que separa os ponteiros do nosso tempo, e pediu que eu escrevesse.
Poderia ser sobre qualquer coisa mundana. Explorar as eternas voltas do ventilador que, só de olhar, me deixam tonta – ou quem sabe a tontura que sinto quando as nossas palavras se chocam. Poderia falar sobre a chuva que alaga a cidade, ou até de quando os seus pensamentos alagam os meus. Deixo esse trabalho contigo.
Mas, nesse texto farei diferente. Dissecarei aquilo que tanto o assusta.
Meu querido, querido meu. Falemos sobre o nada.
Ele é tão complexo, mas tão complexo, que nunca sei quando está vazio de coisas cheias, ou cheio de coisas vazias. Não sei diferenciar se é o tudo que foi embora, ou se é uma incógnita invisível aos meus olhos, porém nítida ao meu futuro. Não sei se é aquilo que não posso ver, não sei se não quero ver.
E continuando com todas essas verdades, aquelas que sonham vivendo em epifanias, rondam a minha mente, o meu mundo. É independende de qualquer opinião minha,é imune a qualquer ataque.
Você, meu amor, teme o nada. Você aperta forte a minha mão para ter certeza de que está atravessando a rua comigo, e não com qualquer ilusão de ótica ou alguma outra pessoa . Você teme descobrir que, mesmo cercado, não se pode escapar do nada; Não se pode escapar da estrada que o nada mostra, do caminho que vai te acolher.
O nada para você é furacão. É falta de planejamento, é correria, é.. nada.
O nada é tudo isso.. mais presença. Uma equação simples, um sorriso discreto.
O nada é você evoluindo, é a sua caixa vazia – cheia de coisas ausentes, mas ali.
O nada é a sua volta, depois de qualquer presença. Mais a sua presença. Mais confusão.
Em si, o nada tem a sua importância. E você, meu amor, abra a janela em respire seu ar. Olhe para baixo e veja os traços das suas opções correrem pelo chão, e agradeça ao nada.
Ele lhe fez ver alguma coisa, se não o nada. Fez-lhe dar valor aos nossos jogos de pernas, aos sorrisos por baixo do cobertor. Fez você brilhar em olhares secretos por segredos sussurrados em esquinas, por abraços repentinos em ruas lotadas, por uma companhia em meio a solidão da madrugada, por todo o salto de vida que a gente quer viver.
Esse é o nada, e ele te fez tudo. Tudo que você é, tudo que você vê, tudo que é para mim. Brindemos a isso !

sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..

domingo, 18 de julho de 2010

Ou, quem sabe até volto.
Falo o que não deveria.
Prendo-me um pouco mais ao irreversível,
E olho ao longe.

Ouço palavras escritas,
Leio as que foram ditas,
e levo uma vida.

Cifras ecoam em um violão,
sintonia em olhares.
momentos de uma canção,
pensamentos presos em lugares.


perdidos, incertos.. o abstrato, meu concreto.

sábado, 3 de julho de 2010

Abandonei essa parte da minha vida, como outras. Os posts que eram tão frequentes e que me deixavam em êxtase não me empolgam mais. Não fazem diferença.
Ou até fazem, mas é estranho demais para notar.
Creio ter andado nostálgica demais.
Longe demais.
Complicada demais.
Sem mais.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um rio.
Já me falaram que a vida é assim. Que ela corre e não para. E que vai, arrastando tudo que vê pelo caminho, seja bom ou ruim, até tomar o seu real curso. Ele pode transbordar, fazer uma nova margem, quem sabe até ficar menos denso, diminuir a sua quantidade de água ou algo assim. Não importa. O rio continua correndo.
Na nossa vida, esse curso traz conseqüências. Mas, se pensarmos bem, o que não traz?
Vivemos tentando aproveitar o máximo do presente, tentando trazer – ou viver – aquela palavrinha que tantos vêem como mágica: a felicidade.
Mas como diria a música: ‘O que é? O que é, meu irmão? Ela é a batida de um coração?’
Ali ela se refere à vida, mas falemos da felicidade.
Seria um sorriso? Um estado maior? Um sentimento bom?
É possível ser feliz sozinho?
Durante tanto, mas tanto tempo procurei por todas estas respostas.. E não vou mentir, ainda procuro. Mas é apenas estando do lado oposto – degustando da tristeza – que damos o verdadeiro valor à felicidade. O problema é que quando isso acontece, o singular domina. Ele entra na sua cabeça e te revira do avesso, te faz pensar diferente – ser diferente. E tudo isso deixa uma marca, uma cicatriz. Para alguns ela pode ser visível, mas para outros não. Então, desta maneira vemos o singular como errado, e passamos a buscar desesperadamente pelo plural. Para que assim, se houverem cicatrizes, que as suas conseqüências sejam sorrisos, não lágrimas.
O plural te deixa feliz. Te faz sentir completo. Faz com que quando você olhe para o passado, pense “como consegui viver sem?”;
E assim leva seus dias. Cria linhas, caminhos, historias, compartilha sorrisos.
E é bom demais.
Mas todo curso tem uma virada. Eis o nosso rio.
Algumas pedras no caminho o plural agüenta, mas outras não. Ele simplesmente implora singular, e não sossega se isso não acontecer. Foi assim.
Quando plural, tudo é compreensível, aceitável. Quando singular, o outro te aponta o dedo, te critica, e faz tudo ao contrario de quando tinha tudo para dar errado – e dava certo.
Um paradoxo particular.
Como um tipo de bomba à parte que não explode enquanto o tempo corre no cronometro, pois ele nunca iria parar. Ela só detona quando.. bem, quando o tempo não existe.
E então, como lidar com o tempo, e com a tristeza, quando a sua única opção de felicidade te deixou cicatrizes que trouxeram mais lágrimas quando eram para resultar em sorrisos?
O que fazer?
Seguir o curso.
Admire-se, foi bom. Maravilhoso. Mas se um singular não conseguiu aceitar o outro depois de não serem mais plurais, vai ver não era para ser. Vai ver era mais uma façanha de uma curva, um truque da tristeza, para trazer a felicidade.
E vamos segundo como um rio.
Não sabemos que virá após aquela curva, se agüentaremos alguma chuva, quem sabe passar por cima de uma pedra, transbordar. Quem sabe.
Mas sempre seguir.
E nunca deixar de tentar ser feliz.
Mesmo no singular.

domingo, 29 de novembro de 2009

Te juro que tentei de todas as maneiras decifrar este sorriso tão bem desenhado. Te juro que tentei não ficar pensando em cada momento do dia que passamos juntos, cada coisa que marcou. Mas, por mais que eu pense em não pensar, penso mais.
Você entrou na minha vida como uma tatuagem, mas aquela que não aparenta ser de rena.
Posso jurar de novo que tentei não me recair com teus encantos, mas não resisti. Não resisto.
Mesmo estando de longe, falando com um outro alguém, um assunto que não posso deduzir qual é, olhas para mim. E quando o seu olhar cai no meu, parece até involuntário. Minhas bochechas se coram, meu sorriso se abre. E como resposta, sorri junto. E ficamos assim, sorrindo. Quem vê de fora até pensa que é premeditado, uma brincadeira que gerou algum tipo de lembrança – que nos traz o sorriso. Mas não é.
E a cada segundo que acontece, nos aproximamos mesmo sem saber, sem sentir. Parece que é aquela coisa no ar, como se fosse um clima. Parece que é um tipo de sinal, um toque, que quando o percebemos nos olhamos e ‘tchan’.
Durante um tempo tentei me preservar para o que poderia vir. Tentei me amar acima de tudo, tentei amadurecer para quem sabe como dizem: “poderem me dar valor como sou”. Estive muito bem sozinha, obrigada. Consegui acima de tudo manter os pés no chão,o que é bem difícil para uma pessoa que só consegue viver voando – escondida, quem sabe. Tinha decidido que só conseguiria gostar realmente de alguém quando soubesse que esse alguém me merecia. Que saberia me reconhecer, me amar acima das diferenças, me ver como realmente sou.
Reconheço que no inicio foi difícil – afinal, uma pessoa como eu se alimenta da paixão, só consegue viver apaixonada. E o tempo foi passando. Com ele, o céu veio voltando a tomar cor, e comecei a reconhecer as ‘tais estrelas’ que para mim sempre brilhavam.
Então, será que para tudo mudar de maneira tão repentina, teve um propósito? Será que certa parte do meu ‘instinto’ sentiu que já estava na hora de escrever para alguém novamente? Será que por ter te conhecido em tão pouco tempo, teus gestos me mostraram aquilo que me sentia preparada para receber? Será, será... E as perguntas começam novamente.
Mas aceito, aceito de bom grado. Sei que tais perguntas rondaram minha mente junto com a lembrança do seu rosto, vagando como uma maresia de um cigarro que há muito já foi. Mas ficou no ar. Você ficou no ar, mesmo que não tenha deixado nada para trás. Apenas a lembrança que não quer se apagar – e eu espero que não se apague.
Que não se apague tão cedo, para poder admirar teu rosto em minha mente, dormir com o sussurrar de tuas palavras. Que deixe minha imaginação fluir fazendo cenas, criando palavras, sendo única. Unicamente da única maneira que quero ser – unicamente sua.



E, ora ora, quem diria que respondida seria ?!
http://www.hw789.blogspot.com/

domingo, 20 de setembro de 2009

Quando o sol aponta no horizonte quebrando a madrugada, a lua já começa a se mover. Os olhos ansiosos esperam por uma boa notícia, os ouvidos esperam por uma boa razão.
Na escuridão em que se encontrava, a luz nunca pensou em se fazer presente. O dia não tinha acesso. O pensamento era a única voz, a solidão era a única companhia.
Em um outro horizonte, a luz bateu. Subiu no céu sem aviso prévio, estourou cada vertigem, incendiou o ar.
As lágrimas que há muito não eram vistas, foram pedindo passagem. A imagem que já era feita foi rebobinada, reformulada. A confiança de muitos se foi.
A cabeça se pergunta com arrependimento, a corpo não para de se mover. Se auto castiga, ausente, quer sair dali.
O som não chega à seus ouvidos. A certeza não existe mais.
Os olhos já foram marcados, os pés já ultrapassaram o chão.
A cabeça já esteve nas nuvens, os dias já foram normais.
Abrace o meu corpo, mesmo que esteja sem vida. Quero sentir que esta aqui. Sussurre verdades mentirosas, ouça o silencio.
Faça-me deixar meu pulso em paz. Faça-me parar de me castigar.
Diga que confia em mim.
Me de um motivo para não ir embora, fale que sentirá minha falta. Olhe em meus olhos vazios e diga que essa é a realidade. Confesse que é tudo um grande erro, grite as verdades mudas sem ter vergonha.
Aceite quem eu sou.
Não deixe-me quebrar o espelho, me controle. Pegue alguns daqueles fios invisíveis e me manipule como um fantoche. Minta para mim.
Apague a luz, vamos embora.
Não sei como terminar este texto.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Em meros dias como este juro que estaria sentado em um lugar calmo, lendo um livro ou quem sabe ouvindo uma música e esperando ser arrebatado por algum tipo de sentimento diferente, algo fora do comum. Mas, como sentir algo fora do comum, se tudo o que sei, se tudo o que sinto, se tudo o que sou é resumido em uma única palavra. Aconchegante, inspirador, sedutor, o amor é a mistura disso tudo e tudo isso separado, nas devidas medidas para tornar tudo mais colorido. Não é algo banal, por mais que pareça. Não é algo tão intenso, por mais que pareça. O amor é o puro gosto do amargo, e é a droga mais doce.
Tinha em mente cada um destes critérios para descrevê-la, cada adjetivo gravado, como se estivesse elogiando a palma da minha mão. Tinha. Já tive meu tempo contigo - foi rápido, cheio de expectativas. Quando hoje me lembro de tudo aquilo que poderia ter feito, como poderia ter dito e não apenas ter me encolhido, com medo de sua reação, com medo de nossa separação. Porém, hoje as circunstâncias são diferentes. Vi-me obrigado a me afastar de ti. Você, que era toda a luz que um dia pude esperar ter em meu caminho, estrela do meu céu, se foi, sendo cadente.
Vi todas as expectativas desaparecerem de fato do meu peito, como se elas realmente já não estivessem mortas. Devoção. Foi esse o meu erro. Tudo que eu sempre fiz em relação a você e as inúmeras coisas que deixei de fazer, são fruto do mesmo motivo. Eu não conseguia, eu não queria te magoar por você ser meu chão, meu teto. Eu não podia ser imperfeito, não podia errar, e por isso me dedicava tanto a uma coisa, as vezes exagerando. As outras coisas que não lhe mostrei foi por puro medo. Medo de que você me julgaria, medo de que você faria um juízo que eu era detentor - pelo menos sob minha perspectiva. Detentor sim, pois queria reservar seu amor apenas para mim. Queria exclusividade, roubá-la, raptar este pedaço que por mais que fosse ser meu, seria eternamente escravo - dependente.
O sol que já começava a se abaixar era leve, fazia uma tarde de outono fresca. Meus pensamentos me levaram sem rumo por quarteirões - apenas no mundo material, pois no imaginário estava longe contigo, lá... Inalcançável.
Enquanto eu olhava a forma que os quarteirões tomavam, comecei a entender que existem certas coisas que só se completam quando se encaixam. Acho que nunca me encaixei realmente na sua forma, por mais que me convencesse cada dia mais disso. Engano, engano e engano. O amor que sentia era puro e verdadeiro, a saudade a vontade a ansiedade e todos os outros sentimentos cabíveis foram verdadeiros, porém eu mentia pra mim mesmo quando todo dia de manhã me moldava à sua maneira. Mas então chegou a tal hora que a verdade se fez presente, e realmente percebi que precisava me separar, me ocupar, me valorizar. Tanto quanto você precisava de espaço, de assumir tudo aquilo que você gosta sem se preocupar em me magoar. Até parece engraçado como tudo que partia de mim era intenso enquanto tudo que partia de você era latente, com um indizível toque de compaixão - justamente esse toque que servia para alimentar todas as minhas expectativas; mas eu já havia pensado e re-pensado muito sobre elas, já não existem mais.
Por mais que eu lamente. Afinal o afeto que tinha de você era suficiente, ele já me fazia sentir amado. Fazia o sol que me cegava toda manhã ser uma lembrança do quanto a noite anterior fora ótima, e a lua, me fazia esperar e contar cada segundo para revê-la, abraçá-la, estar contigo. Se eu sentia teu perfume - aquele meio 'salgadinho', jamais esquecerei - por mais que não fosse você, meu corpo já saía do meu controle, meus instintos procuravam desesperadamente a portadora do cheiro que trazia lembranças tão boas, te procuravam. Estava, estou, louco por você - estou louco sem você.
Louco, perdidamente louco por não ter mais a quem me moldar. Agora sou só mais um, que por falta da tua companhia, me prendo a qualquer coisa que permita afeto. Por mais que este seja um peixe, mas peixes morrem. Por mais que seja um bicho de pelúcia, mas eles não são inusitados e nem espontâneos assim como você. O fato é que me perder por você já vale a pena, por mais que eu saia da minha realidade e sanidade. Não gosto do jeito que você me deixou, mas o que se há de fazer contra o destino? Promessas de amor ou discursos para me redimir ditos na frente do espelho não contam como forma de reação, e sim como arrependimento. Mas o pior passou. Pelo menos hoje eu só me vejo preso a um espírito, uma essência. Antes eu realmente te tinha como figura, e me torturava sentir tua presença em cada canto da cidade que passamos trôpegos às risadas, mas como já disse: passou.


texto por: João Pedro Innecco & kinha;

Que honra e felicidade maior eu poderia sentir escrevendo, nada mais nada menos, do que com o meu escritor atual favorito ?!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A estrada segue,
segue,
segue,
e vira.
A caneta escreve,
escreve,
escreve,
e vírgula.
A gente fala,
fala,
fala,
e respira.
A poesia é lida,
lida,
lida,
e esquecida.
O sentimento corre,
corre,
corre,
e navega o mar
até cair lá, depois do horizonte,
quando o medievo estava para acabar.
O olhar descreve,
olha e olha,
sem que eu compreenda
por que, meu deus,
esse teto é tão branco,
e esse mundo tão vazio,
de gente que lê e sente
e cheio de gente que lê, sorri, e não entende.
Não sei se fujo para Pasárgada ou para Itabira,
Pois aí já é o auge da poesia.
Ficarei aqui, com Prometeu,
Contando os pedaços do seu fígado,
e do meu.

sábado, 18 de junho de 2011

Em uma destas madrugadas solitárias, sentei entre as páginas da minha vida. Elas estavam ali, todas espalhadas pelo chão do meu quarto, assim como as folhas que colorem o cinza da rua em seu outono.
Não havia ninguém. Apenas eu e.. o que de mim escrevi. Os parágrafos pelos quais corri, e até aqueles que andei bem devagar, quase parando, evitando chegar ao final. Vi as partituras que certos dias me silenciaram, outras que de mim fizeram rio, e até aquelas que romperam as fronteiras da normalidade, e me fizeram um ser desatento, cantarolando por entre asfaltos e sorrindo para horizontes que só eu via.
Parei diante das páginas dobradas, um pouco escondidas, logo abaixo de certos poemas. Ao abri-las, como um raio as lembranças vieram, e eu não sabia mais o porquê de estar alí. Não entendia porque continuavam firme e fortes, estendidas no meu chão, mesmo depois de tê-las confinado no fundo daquele precipício, dentro de mim. Mergulhei.
E nisso, percebi-me em sorrisos, pretérito perfeito. Mais-que-perfeito. Porém, pretérito.
E ele, como presente, alegra. Faz com que jogadas de cabelos desengonçadas te façam ficar linda, e se sentir bem. Muda qualquer problema banal do seu cotidiano, e o faz acréscimo. No sorriso. Nada importa, nada deve importar. A vida torna-se um soneto, a pagina de linhas perfeitas e calculadas, fazendo com que você sinta aquele gosto de novidade na boca, e aquele anseio por mais no coração. É divino.
É passado. E como tal, prefere lanhar. Apontar os erros que te deixam com saldo negativo, e nunca mais como apenas mais uma maneira de ser feliz. Prefere deixar uma miniatura na sua cabeça, que cresce mais e mais a cada dia, e você sabe que virará um problema. Já é um problema. Um arrependimento, um desentendimento. Uma daquelas simples maneiras que a gente sempre acha para tentar se resolver, mas acaba piorando tudo. Apenas pelo simples fato de tentar fazer sumir o que foi bom, o que te deu vida.
Não queria mais.
O passado como presente é sorriso. O presente como passado.. a sua lembrança. O seu oposto. Passou.
E no meio das folhas, recordo: sou mar.
Passado-sorriso, vire barco. Um frágil barco de papel. Ganhei uma frota de sonetos.
E pelas esquinas de algum lugar desconhecido, achei um rio.
Siga, frota. Siga.
Seja o sorriso de quem te lê por fora,
E não vive a sua ultima estrofe.

domingo, 10 de abril de 2011

Você veio mais uma vez, com toda a sua doce melodia de verões passados, e disse que sentia falta das minhas palavras. Olhou-me com aqueles olhos virtuais, perdido no espaço que separa os ponteiros do nosso tempo, e pediu que eu escrevesse.
Poderia ser sobre qualquer coisa mundana. Explorar as eternas voltas do ventilador que, só de olhar, me deixam tonta – ou quem sabe a tontura que sinto quando as nossas palavras se chocam. Poderia falar sobre a chuva que alaga a cidade, ou até de quando os seus pensamentos alagam os meus. Deixo esse trabalho contigo.
Mas, nesse texto farei diferente. Dissecarei aquilo que tanto o assusta.
Meu querido, querido meu. Falemos sobre o nada.
Ele é tão complexo, mas tão complexo, que nunca sei quando está vazio de coisas cheias, ou cheio de coisas vazias. Não sei diferenciar se é o tudo que foi embora, ou se é uma incógnita invisível aos meus olhos, porém nítida ao meu futuro. Não sei se é aquilo que não posso ver, não sei se não quero ver.
E continuando com todas essas verdades, aquelas que sonham vivendo em epifanias, rondam a minha mente, o meu mundo. É independende de qualquer opinião minha,é imune a qualquer ataque.
Você, meu amor, teme o nada. Você aperta forte a minha mão para ter certeza de que está atravessando a rua comigo, e não com qualquer ilusão de ótica ou alguma outra pessoa . Você teme descobrir que, mesmo cercado, não se pode escapar do nada; Não se pode escapar da estrada que o nada mostra, do caminho que vai te acolher.
O nada para você é furacão. É falta de planejamento, é correria, é.. nada.
O nada é tudo isso.. mais presença. Uma equação simples, um sorriso discreto.
O nada é você evoluindo, é a sua caixa vazia – cheia de coisas ausentes, mas ali.
O nada é a sua volta, depois de qualquer presença. Mais a sua presença. Mais confusão.
Em si, o nada tem a sua importância. E você, meu amor, abra a janela em respire seu ar. Olhe para baixo e veja os traços das suas opções correrem pelo chão, e agradeça ao nada.
Ele lhe fez ver alguma coisa, se não o nada. Fez-lhe dar valor aos nossos jogos de pernas, aos sorrisos por baixo do cobertor. Fez você brilhar em olhares secretos por segredos sussurrados em esquinas, por abraços repentinos em ruas lotadas, por uma companhia em meio a solidão da madrugada, por todo o salto de vida que a gente quer viver.
Esse é o nada, e ele te fez tudo. Tudo que você é, tudo que você vê, tudo que é para mim. Brindemos a isso !

sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..

domingo, 18 de julho de 2010

Ou, quem sabe até volto.
Falo o que não deveria.
Prendo-me um pouco mais ao irreversível,
E olho ao longe.

Ouço palavras escritas,
Leio as que foram ditas,
e levo uma vida.

Cifras ecoam em um violão,
sintonia em olhares.
momentos de uma canção,
pensamentos presos em lugares.


perdidos, incertos.. o abstrato, meu concreto.

sábado, 3 de julho de 2010

Abandonei essa parte da minha vida, como outras. Os posts que eram tão frequentes e que me deixavam em êxtase não me empolgam mais. Não fazem diferença.
Ou até fazem, mas é estranho demais para notar.
Creio ter andado nostálgica demais.
Longe demais.
Complicada demais.
Sem mais.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um rio.
Já me falaram que a vida é assim. Que ela corre e não para. E que vai, arrastando tudo que vê pelo caminho, seja bom ou ruim, até tomar o seu real curso. Ele pode transbordar, fazer uma nova margem, quem sabe até ficar menos denso, diminuir a sua quantidade de água ou algo assim. Não importa. O rio continua correndo.
Na nossa vida, esse curso traz conseqüências. Mas, se pensarmos bem, o que não traz?
Vivemos tentando aproveitar o máximo do presente, tentando trazer – ou viver – aquela palavrinha que tantos vêem como mágica: a felicidade.
Mas como diria a música: ‘O que é? O que é, meu irmão? Ela é a batida de um coração?’
Ali ela se refere à vida, mas falemos da felicidade.
Seria um sorriso? Um estado maior? Um sentimento bom?
É possível ser feliz sozinho?
Durante tanto, mas tanto tempo procurei por todas estas respostas.. E não vou mentir, ainda procuro. Mas é apenas estando do lado oposto – degustando da tristeza – que damos o verdadeiro valor à felicidade. O problema é que quando isso acontece, o singular domina. Ele entra na sua cabeça e te revira do avesso, te faz pensar diferente – ser diferente. E tudo isso deixa uma marca, uma cicatriz. Para alguns ela pode ser visível, mas para outros não. Então, desta maneira vemos o singular como errado, e passamos a buscar desesperadamente pelo plural. Para que assim, se houverem cicatrizes, que as suas conseqüências sejam sorrisos, não lágrimas.
O plural te deixa feliz. Te faz sentir completo. Faz com que quando você olhe para o passado, pense “como consegui viver sem?”;
E assim leva seus dias. Cria linhas, caminhos, historias, compartilha sorrisos.
E é bom demais.
Mas todo curso tem uma virada. Eis o nosso rio.
Algumas pedras no caminho o plural agüenta, mas outras não. Ele simplesmente implora singular, e não sossega se isso não acontecer. Foi assim.
Quando plural, tudo é compreensível, aceitável. Quando singular, o outro te aponta o dedo, te critica, e faz tudo ao contrario de quando tinha tudo para dar errado – e dava certo.
Um paradoxo particular.
Como um tipo de bomba à parte que não explode enquanto o tempo corre no cronometro, pois ele nunca iria parar. Ela só detona quando.. bem, quando o tempo não existe.
E então, como lidar com o tempo, e com a tristeza, quando a sua única opção de felicidade te deixou cicatrizes que trouxeram mais lágrimas quando eram para resultar em sorrisos?
O que fazer?
Seguir o curso.
Admire-se, foi bom. Maravilhoso. Mas se um singular não conseguiu aceitar o outro depois de não serem mais plurais, vai ver não era para ser. Vai ver era mais uma façanha de uma curva, um truque da tristeza, para trazer a felicidade.
E vamos segundo como um rio.
Não sabemos que virá após aquela curva, se agüentaremos alguma chuva, quem sabe passar por cima de uma pedra, transbordar. Quem sabe.
Mas sempre seguir.
E nunca deixar de tentar ser feliz.
Mesmo no singular.

domingo, 29 de novembro de 2009

Te juro que tentei de todas as maneiras decifrar este sorriso tão bem desenhado. Te juro que tentei não ficar pensando em cada momento do dia que passamos juntos, cada coisa que marcou. Mas, por mais que eu pense em não pensar, penso mais.
Você entrou na minha vida como uma tatuagem, mas aquela que não aparenta ser de rena.
Posso jurar de novo que tentei não me recair com teus encantos, mas não resisti. Não resisto.
Mesmo estando de longe, falando com um outro alguém, um assunto que não posso deduzir qual é, olhas para mim. E quando o seu olhar cai no meu, parece até involuntário. Minhas bochechas se coram, meu sorriso se abre. E como resposta, sorri junto. E ficamos assim, sorrindo. Quem vê de fora até pensa que é premeditado, uma brincadeira que gerou algum tipo de lembrança – que nos traz o sorriso. Mas não é.
E a cada segundo que acontece, nos aproximamos mesmo sem saber, sem sentir. Parece que é aquela coisa no ar, como se fosse um clima. Parece que é um tipo de sinal, um toque, que quando o percebemos nos olhamos e ‘tchan’.
Durante um tempo tentei me preservar para o que poderia vir. Tentei me amar acima de tudo, tentei amadurecer para quem sabe como dizem: “poderem me dar valor como sou”. Estive muito bem sozinha, obrigada. Consegui acima de tudo manter os pés no chão,o que é bem difícil para uma pessoa que só consegue viver voando – escondida, quem sabe. Tinha decidido que só conseguiria gostar realmente de alguém quando soubesse que esse alguém me merecia. Que saberia me reconhecer, me amar acima das diferenças, me ver como realmente sou.
Reconheço que no inicio foi difícil – afinal, uma pessoa como eu se alimenta da paixão, só consegue viver apaixonada. E o tempo foi passando. Com ele, o céu veio voltando a tomar cor, e comecei a reconhecer as ‘tais estrelas’ que para mim sempre brilhavam.
Então, será que para tudo mudar de maneira tão repentina, teve um propósito? Será que certa parte do meu ‘instinto’ sentiu que já estava na hora de escrever para alguém novamente? Será que por ter te conhecido em tão pouco tempo, teus gestos me mostraram aquilo que me sentia preparada para receber? Será, será... E as perguntas começam novamente.
Mas aceito, aceito de bom grado. Sei que tais perguntas rondaram minha mente junto com a lembrança do seu rosto, vagando como uma maresia de um cigarro que há muito já foi. Mas ficou no ar. Você ficou no ar, mesmo que não tenha deixado nada para trás. Apenas a lembrança que não quer se apagar – e eu espero que não se apague.
Que não se apague tão cedo, para poder admirar teu rosto em minha mente, dormir com o sussurrar de tuas palavras. Que deixe minha imaginação fluir fazendo cenas, criando palavras, sendo única. Unicamente da única maneira que quero ser – unicamente sua.



E, ora ora, quem diria que respondida seria ?!
http://www.hw789.blogspot.com/

domingo, 20 de setembro de 2009

Quando o sol aponta no horizonte quebrando a madrugada, a lua já começa a se mover. Os olhos ansiosos esperam por uma boa notícia, os ouvidos esperam por uma boa razão.
Na escuridão em que se encontrava, a luz nunca pensou em se fazer presente. O dia não tinha acesso. O pensamento era a única voz, a solidão era a única companhia.
Em um outro horizonte, a luz bateu. Subiu no céu sem aviso prévio, estourou cada vertigem, incendiou o ar.
As lágrimas que há muito não eram vistas, foram pedindo passagem. A imagem que já era feita foi rebobinada, reformulada. A confiança de muitos se foi.
A cabeça se pergunta com arrependimento, a corpo não para de se mover. Se auto castiga, ausente, quer sair dali.
O som não chega à seus ouvidos. A certeza não existe mais.
Os olhos já foram marcados, os pés já ultrapassaram o chão.
A cabeça já esteve nas nuvens, os dias já foram normais.
Abrace o meu corpo, mesmo que esteja sem vida. Quero sentir que esta aqui. Sussurre verdades mentirosas, ouça o silencio.
Faça-me deixar meu pulso em paz. Faça-me parar de me castigar.
Diga que confia em mim.
Me de um motivo para não ir embora, fale que sentirá minha falta. Olhe em meus olhos vazios e diga que essa é a realidade. Confesse que é tudo um grande erro, grite as verdades mudas sem ter vergonha.
Aceite quem eu sou.
Não deixe-me quebrar o espelho, me controle. Pegue alguns daqueles fios invisíveis e me manipule como um fantoche. Minta para mim.
Apague a luz, vamos embora.
Não sei como terminar este texto.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Em meros dias como este juro que estaria sentado em um lugar calmo, lendo um livro ou quem sabe ouvindo uma música e esperando ser arrebatado por algum tipo de sentimento diferente, algo fora do comum. Mas, como sentir algo fora do comum, se tudo o que sei, se tudo o que sinto, se tudo o que sou é resumido em uma única palavra. Aconchegante, inspirador, sedutor, o amor é a mistura disso tudo e tudo isso separado, nas devidas medidas para tornar tudo mais colorido. Não é algo banal, por mais que pareça. Não é algo tão intenso, por mais que pareça. O amor é o puro gosto do amargo, e é a droga mais doce.
Tinha em mente cada um destes critérios para descrevê-la, cada adjetivo gravado, como se estivesse elogiando a palma da minha mão. Tinha. Já tive meu tempo contigo - foi rápido, cheio de expectativas. Quando hoje me lembro de tudo aquilo que poderia ter feito, como poderia ter dito e não apenas ter me encolhido, com medo de sua reação, com medo de nossa separação. Porém, hoje as circunstâncias são diferentes. Vi-me obrigado a me afastar de ti. Você, que era toda a luz que um dia pude esperar ter em meu caminho, estrela do meu céu, se foi, sendo cadente.
Vi todas as expectativas desaparecerem de fato do meu peito, como se elas realmente já não estivessem mortas. Devoção. Foi esse o meu erro. Tudo que eu sempre fiz em relação a você e as inúmeras coisas que deixei de fazer, são fruto do mesmo motivo. Eu não conseguia, eu não queria te magoar por você ser meu chão, meu teto. Eu não podia ser imperfeito, não podia errar, e por isso me dedicava tanto a uma coisa, as vezes exagerando. As outras coisas que não lhe mostrei foi por puro medo. Medo de que você me julgaria, medo de que você faria um juízo que eu era detentor - pelo menos sob minha perspectiva. Detentor sim, pois queria reservar seu amor apenas para mim. Queria exclusividade, roubá-la, raptar este pedaço que por mais que fosse ser meu, seria eternamente escravo - dependente.
O sol que já começava a se abaixar era leve, fazia uma tarde de outono fresca. Meus pensamentos me levaram sem rumo por quarteirões - apenas no mundo material, pois no imaginário estava longe contigo, lá... Inalcançável.
Enquanto eu olhava a forma que os quarteirões tomavam, comecei a entender que existem certas coisas que só se completam quando se encaixam. Acho que nunca me encaixei realmente na sua forma, por mais que me convencesse cada dia mais disso. Engano, engano e engano. O amor que sentia era puro e verdadeiro, a saudade a vontade a ansiedade e todos os outros sentimentos cabíveis foram verdadeiros, porém eu mentia pra mim mesmo quando todo dia de manhã me moldava à sua maneira. Mas então chegou a tal hora que a verdade se fez presente, e realmente percebi que precisava me separar, me ocupar, me valorizar. Tanto quanto você precisava de espaço, de assumir tudo aquilo que você gosta sem se preocupar em me magoar. Até parece engraçado como tudo que partia de mim era intenso enquanto tudo que partia de você era latente, com um indizível toque de compaixão - justamente esse toque que servia para alimentar todas as minhas expectativas; mas eu já havia pensado e re-pensado muito sobre elas, já não existem mais.
Por mais que eu lamente. Afinal o afeto que tinha de você era suficiente, ele já me fazia sentir amado. Fazia o sol que me cegava toda manhã ser uma lembrança do quanto a noite anterior fora ótima, e a lua, me fazia esperar e contar cada segundo para revê-la, abraçá-la, estar contigo. Se eu sentia teu perfume - aquele meio 'salgadinho', jamais esquecerei - por mais que não fosse você, meu corpo já saía do meu controle, meus instintos procuravam desesperadamente a portadora do cheiro que trazia lembranças tão boas, te procuravam. Estava, estou, louco por você - estou louco sem você.
Louco, perdidamente louco por não ter mais a quem me moldar. Agora sou só mais um, que por falta da tua companhia, me prendo a qualquer coisa que permita afeto. Por mais que este seja um peixe, mas peixes morrem. Por mais que seja um bicho de pelúcia, mas eles não são inusitados e nem espontâneos assim como você. O fato é que me perder por você já vale a pena, por mais que eu saia da minha realidade e sanidade. Não gosto do jeito que você me deixou, mas o que se há de fazer contra o destino? Promessas de amor ou discursos para me redimir ditos na frente do espelho não contam como forma de reação, e sim como arrependimento. Mas o pior passou. Pelo menos hoje eu só me vejo preso a um espírito, uma essência. Antes eu realmente te tinha como figura, e me torturava sentir tua presença em cada canto da cidade que passamos trôpegos às risadas, mas como já disse: passou.


texto por: João Pedro Innecco & kinha;

Que honra e felicidade maior eu poderia sentir escrevendo, nada mais nada menos, do que com o meu escritor atual favorito ?!
 

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