sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..

sábado, 1 de janeiro de 2011

A agua que pingava da bica fazia um barulho irritante. As gotas martelavam no mármore, assim como muitas ideias em minha cabeça. Elas saiam de sua fonte, percorriam um caminho eterno em meio ao vão, e espatifavam-se contra algo mais rigido, rigoroso, teimoso.
Ideias infindáveis de passados extremos desciam pela torneira. A água, pela minha cabeça.
De tanto pingar, inundei-me.
Inundada, os pensamentos boiaram. As duas realidades se juntaram, o mármore e a cabeça, o real e o subjetivo, e formaram o agora.
Fui pensamento, nadei. Continuei até os musculos dos meus braços latejarem daquela dor agúda, daquela cãibra paralela, da parte humana do pensamento. A parte humana de mim.
Quando parei em meio ao nada, o cenário mudou. Das longinquas e remotas ondas, nasceu uma ilha. Da imensidão abaixo dos meus pés, nasceu uma terra.
Das dores que tomavam o meu corpo, nasceram rosas, que brotaram no chão. Das águas que viam-se em mim-pensamento, veio a luz.
Eu-pensamento vivi naquela ilha. As casas eram rosas, os becos eram rosas, os cheiros.. eram de rosas. Os dias, eram luz. As noites.. pingos dela. A inundação foi para ilha como o mar, e para mim como lembrança. Não era única como pensamento, não era a única idéia. Mas alí não vi mais nenhuma. Fui solitária assim como aquela antiga lua, rodeada de gente, e sem ninguém para si.
Aprendi a caminhar. Fui até onde a minha vista alcançava, e quando cheguei lá, resolvi ir além.
Foi quando alí conheci o deserto, e por ele me apaixonei.
fui sua dona, e a ele eu pertencia. Com ele vivi, dele vivi, por ele vivi. Assim como o número de lados da figura perfeita. Mas, era figurado.
e de tanto ser figurado, a contagem do tempo foi insuficiente para lembrar a luz de meus pensamentos. Satisfazia apenas a metade de mim. Corri do deserto, mas ele me envolveu. Tive medo. Corri do medo, mas ele nunca me deixou. A vertigem certa vez me deu uma chance, e eu não tinha nada a perder. Fui, assim como quem pula um parágrafo de uma história. Passei o tempo do meu eterno. Voltei para a minha margem.
Cansei das rosas e de todo o chão. Todas elas me lembravam a areia e o calor, daquilo que eu já esquecera. Conheci a raiva, e ela me deu uma ideia. Eu sou ideia.
cortei as rosas, fiz uma jangada. Uma jangada de rosas. O medo sabe ser poético até em clichê.
Elas são lindas, lindas como sempre amei. Mas tem espinhos. E as tendo como proteção contra o mar, como um piso em meio ao vão, aguentei seus cortes, suas feridas, e suas dores.
As rosas não entendiam o porque de eu-pensamento ter mudado tanto. O quanto as amava, o quanto não as amava mais. ‘viemos de você’, elas diziam.
‘como pode odiar aquilo que criou, o que te alimentou?’
Não podia, pois havia chegado ao fim. A jangada me deixou em meio ao meu destino. Percorrendo o meio do mar, terminei o meu infinito. Cheguei ao fim do meu eterno.
Eu? Eu-pensamento. Pensamento? Pensamento-gota. Gota?
Eu sou gota, e cheguei ao mármore. Agora sou poça. Pensamento? Sou mar..
 

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